Jovem e já assumindo posição de destaque no jornalismo cearense. Nos referimos ao jornalista Ciro Câmara (foto), que estreia, nesta segunda-feira (04), o quadro "Blog Perfil"
deste espaço de comunicação online e que é destinado para profissionais
de imprensa ora atuantes no Estado. O entrevistado desta semana tem 30
anos, é formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), além de ter
sido repórter e editor de Esportes do jornal O Povo entre 2004 e 2011.
Atualmente, apresenta o programa É Gol! e Estação Ciro, na TV O Povo. É
ainda comentarista nos programas Trem Bala, Toque Esportivo e nas
transmissões de jogos na rádio O Povo/CBN. O comunicador também comanda a
coluna "Blog Cultural" (O Povo) e o "Blog Gol". Foi um dos escritores e
editores do livro: "PV: Biografia de uma Paixão - Corpo, Alma e Coração
do Estádio Presidente Vargas -, e integra o Grupo Literatura e Memória
do Futebol. Para ele, o futebol é algo além de ganhar, perder, ter a
maior ou menor torcida. Com vocês, na íntegra, a entrevista do
jornalista Ciro Câmara concedida a nós, por email, a quem agradecemos
desde já a atenção e a reciprocidade com que nos atendeu. Boa leitura!
Blog - Por que ser jornalista?
Ciro Câmara - Antes mesmo de querer ser jornalista eu queria ser escritor.
Desde muito jovem sempre fui muito habituado a ler pelos meus familiares e me
vi às voltas com cadernos em que escrevia um bocado. A maior parte desses
registros era sobre futebol, coisas bem simplórias, de criança mesmo, sobre
Pelé, Zico, mais Seleção Brasileira do que clubes. Daí o jornalismo veio como
uma opção natural, um desenvolvimento dessa minha inclinação. Contribuiu também
para o jornalismo esportivo o fato de eu ser um maluco por futebol. Chego a ser
xiita, sempre fui assim. Para mim, a vida não tem sentido sem o futebol, não
vejo graça em outras coisas. Mas aqui faço uma ressalva. Gosto de futebol de
forma geral, não do meu clube. Eu inverto a lógica. Não desprezo os rivais nem
torço contra a Argentina por ser brasileiro. Gosto de futebol. Seja o do
Barcelona da Espanha como o de Guayaquil.
Blog - Como é ser jornalista esportivo em um Estado que possui
duas grandes torcidas que se rivalizam sempre? É complicado ser imparcial e
isento na profissão quando se tem dois times grandes como Ceará e Fortaleza e
ainda quando se tem um povo apaixonado por futebol?
Ciro Câmara - Trabalhar em estados como Ceará, Bahia, Minas e Rio Grande
do Sul tem essa característica da bipolarização. Mas não difere em nada de
forma geral de Rio ou São Paulo. O problema é o julgamento imediato. Se você
comenta algo que está errado no Ceará é porque torce Fortaleza e vice-versa.
Muitos não entendem que você está apenas fazendo seu trabalho, que não ganha um
centavo a mais ou a menos com a situação boa ou ruim dos clubes, que ali não
está seu lado pessoal. Penso que o jornalismo precisa ser bem desenvolvido em
qualquer lugar, e independente da área. Meu critério e imparcialidade como
jornalista esportivo é o mesmo de quando atuei em Cidades ou Política.
Blog - Você já trabalhou do outro lado do balcão como dizemos no
jargão jornalístico. Foi assessor de Imprensa de um órgão oficial da Prefeitura
Municipal de Fortaleza e agora trabalha em redação. Nos conte um pouco sobre a
sua experiência como assessor de Imprensa.
Ciro Câmara - Na verdade eu trabalhei de forma concomitante. Era repórter
esportivo no O POVO e assessor de um órgão não esportivo da prefeita. Trabalhei
na Prefeitura como trabalharia em qualquer outro órgão. Não votei na prefeita
Luizianne (não acredito em político, muito menos os envolvidos com futebol) e
fui convidado por uma grande amiga que era secretária. Foi muito engrandecedor
justamente por me fazer “vender” as pautas, aprendi a fazer projetos, trabalhar
com parte gráfica, orçamentos... Um trabalho técnico, como todo trabalho deve
ser.
Blog - Atualmente, como você considera o nível do jornalismo
esportivo aqui no Ceará? Como você vê o nível de nossos profissionais que
cobrem a área de esportes?
Ciro Câmara - Precisamos nos desenvolver muito, mas, no geral, gosto da
situação atual. Há uma remodelação na forma como se faz jornalismo, mais
profissional e sem apego aos clubes. Porém, as empresas poderiam ampliar um
pouco mais o leque de opções. Por exemplo, faltam programas que enfoquem
memória do futebol, a interação com a cultura e o esporte, entrevista com
personagens e matéria de fôlego. O que me preocupa também é a falta de
especialidade de muitos profissionais - por exemplo, fazer cursos
complementares, conhecer fundamentos táticos do futebol, técnica de transmissão
via rádio e TV...
Blog - Se aproxima a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de
2014. O Ceará está preparado para receber tão importante evento esportivo? E os
nossos jornalistas esportivos estão preparados para cobrir o maior evento de
futebol do Planeta? Na sua opinião, qual será o diferencial para os jornalistas
esportivos durante este acontecimento?
Ciro Câmara - O Ceará não está preparado para nada. Precisamos melhorar
muito em todos os aspectos e o tempo já mostra que não conseguiremos. Os
jornalistas esportivos também precisam melhorar - muitos sequer falam inglês
fluente. Esses eventos serão importantes porque forçarão a uma cobertura
diversificada, fora do factual, já que as notícias sairão daqui, o epicentro será
aqui e não a África do Sul ou a Alemanha.
Blog - Que dica cultural/esportiva você pode deixar para os
nossos leitores?
Ciro Câmara - Gosto muito de buscar literatura acadêmica na Internet.
Sempre encontro coisa boa sobre futebol como teses e monografias, além de
documentários postados no Youtube. Um bom site é o dominiopublico.gov.br, além
do literaturanaarquibancada.com e do memoriafutebol.com.br.
Blog - Suas considerações finais e agradecimentos.
Ciro Câmara - Apenas agradecer pelo convite e mandar um abraço para o
torcedor cearense.
